
“João Tatára, o poeta em forma de guri ainda
acredita na cultura popular curitibana”
Pegue um poeta inspirado e obtenha um violeiro tipo exportação, sem muita receita o curitibano João Tatára é uma lenda viva na formação do que se chama “música popular curitibana” (abram alas, über alles).
Era fim de tarde no domingo e chegava a casa de Tatára, no bairro do Água Verde, já recebido com uma taça de vinho e alguns queijos, talvez mineiros, que sua esposa Cleuza servira com tanto esmero.
“Sim nasci em 1946, faz tempo em, mas graças a deus que posso falar isso, Leminski já não pode”, disse Tatára jocosamente quando começamos o nosso papo.
Tatára foi o primeiro vencedor do festival de Curitiba em 1971, após isso iniciou uma parceria com o guitarrista carlopoense Cabelo em que 1978 lançaram o LP “Águas do Futuro”, após isso voltou ao Paraná onde e abriu o “Bardo Tatára”.
“Curitiba é uma cidade careta” o indaguei dessa forma, e ele disse que a “caretisse” está na forma com que a cultura foi sempre aplicada na cidade “o artista curitibano precisa morrer para virar pedreira”. Comentou sobre sua infância, e do êxodo rural que ocasionou uma explosão populacional na década de 1980, mas afirma que a cidade foi “invadida” e tudo continuou na mesma, “com gente que veste estola para ir ao teatro Guairá ver um show de reggae”.
Após trinta anos do seu primeiro Lp, Tatára lança seu segundo trabalho “Jogo de Espelhos”, em cujo cunho poético é mais ressalvado, o disco se trata de um show musico - teatral que ocorreu no teatro Paiol em 1979. “Eu estava em um motel daí saiu a idéia do show”, os arquivos gravados foram esquecidos em uma gaveta e recuperados.
O cd foi lançado em seu bar, onde também ocorre o encontro de compositores e poetas às segundas-feiras, a idéia desencadeará em um programa de televisão, mesmo com Tatára tendo vários problemas políticos. “Não precisamos depender do governo, vamos fazer a coisa acontecer do nosso jeito”, complementa.
E sonhando Tatára vê a noite se acabar na cidade sorriso que dia após dia perde a identidade e esquece a canção.
(Elian Woidello)
Muito bem Elian...o nosso Amigo-Mestre apavora!
ResponderExcluirAbraço Rodrigo