quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A Cigarra e a Formiga

Era uma vez uma formiga que só trabalhava, não tinha domingo e feriado, era uma vez uma cigarra que só cantava, cantava igual a um trompetista desafinado.



A formiga só trabalhava, trabalhava e trabalhava, com medo que chegasse o inverno e a falta de estrutura a matasse, enquanto isso a cigarra cantava, cantava e cantava, achando que todo dia seria verão.


Por que não?!


Todavia o tempo passou e a história não é adequada mais aos dias atuais, ou seja, graças ao aquecimento global, a cigarra e a formiga cantam hoje no mesmo carnaval.

(Elian Woidello)
 
 
*baseado na história "A cigarra e a formiga" de Esopo

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Viagem a Agudos do Sul-PR

Pequena cidade no sul da Região metropolitana de Curitiba,
tão só e tão si, com seus oito mil habtantes e muito carisma.


Sabe aquelas tardes de novembro em que não se tem nada para fazer? Sem muita conversa peguei o carro e sai rumo ao por do sol do sul do mundo, concerteza eu queria um pouco de aventura e um pouco de descompromisso, dai cheguei a pequenina cidade entre Santa Catarina e Paraná muito hospitaleira e derradeira.
Logo na chegada já fui muito bem recebido por um bar, sabe aqueles bares do interior do Paraná, em cujo espaço serve de point, mercado, sala de reuniões e confições? Na soleira estava o seu Amiltom, que às quinze horas já estava mais pra lá de Teerã do que qualquer aiatolá, meio dobrando a voz e com os olhos vermelhos olhou para mim e perguntou se eu não era nenhum policial, estranhei a indagação do senhor de apenas cinquenta e sete anos, que parecia temer o desconhecido em minhas mãos, braços e retóricas, de fato o estranho lá era eu, e mesmo que quisesse falar jocosamente com o senhor de nada valeria, e mesmo que valha para que?
Seu chapéu e seu palheiro olhando o fim da tarde na varanda daquele lugar dizia-me muito mais coisas que podia imaginar, que qualquer curitiboca pudesse sonhar, "vou fugir dessa metropole a libertação e seguir a algum caminho que me leve ao sul, nas manhãs do sul do mundo pelos campos estradas e rios" me veio a cabeça a velha canção do Expresso no ato, após minha entrada mais que populista na cidade sai andando lentamente pela Getulio Vargas (avenida principal), junto aos olhares das gurias e rumo a algum lugar viesse a me trazer à tona tudo que sentia, mesmo nunca estado lá, sentia como se de volta ao lar, então conclui.
Voltar ao lar é voltar a ser como eramos na infância, pacata infancia, sábia infância, como é pacata e sábia Agudos do Sul, lá voltei a ser como tudo aquilo que deixei de ser e como agora não posso só escrevo.
(Elian Woidello)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Trecho do livro "Cotidiano (Em um verso alogico)" em primeira mão aqui

"os automóveis estão invadindo a cidade, sem assunto assim eu vou a procura de algum relato, KYRIE¹ me diz tantas coisas que as vezes esqueço de saber, quer dizer, onde quer que eu esteja eu não estou na verdade nada me restou, o resto detesto e profano as perguntas por um módico discurso de manhã, alias que calor faz, meu quarto é o mais quente dessa casa, asa voa livre e eu sempre tentando entender o que não é e o que é? pois é tua pergunta, um livre fluxo, minha simples cidadezinha, o quintal de casa está sendo invadido indubitavelmente EGO SUM VOX NOX de meu povo que nada faz, ao contrario o COTIDIANO hermético e sintético de um gole bem destilado no fígado, assim entendo minha sociedade, minha vaidade, ela é o espelho de NARCISO, über alles ai vem minha fantástica viagem que fiz tão parado a padrão e sem razão, quer dizer, ser racional é o que me torna banal tão quão o sentido exato de ser tudo aquilo que condeno, que é um presságio claro e conciso de um ser prolixo que procura guardar suas magoas no passado e que não consegue viver a não ser pelos olhos dos outros, malditos que sempre me condenam então aqui faço jus ao meu ser e revido duvido e retruco, agora me resta contar para vocês aquilo que me faz jovem e novo, de novo? Jovem e novo!VIAJEI DE TREM, EU VIAJEI DE TREM, toda manha tem um ar nostálgico pela noite que passou e nada passa eu sei bem disso mas sai correndo da casa, eram umas nove horas da manhã, tantos rostos parecendo galerias em cuja necessidade é se mostrar, exaltar esse belo realizado por uma reflexão mundana dos olhos grandes da idéia, um ser, um ter, um não ter, deixo isso de lado para quem se interessa, alias que interesse simples e fantástico, tanta gente ali havia que parecia que o vagão havia se convertido em auditório ou em igreja, o maquinário começou a rodar rápida-mente-rapida, leões a me devorar, tudo rodava tudo estava, inverno-verão-primavera-outono outro-no sonho que não parava mais de ter e de deter, abrindo meu jogo e soltando meu espaço me deixei levar por aquela maquina, em que muitas almas já vagaram já ficaram e já morreram ou já viveram, porque a morte necessariamente não é apenas falta de vida, é a falta de função da vida, aquilo que nos deixa bom de novo, a franja das casas são lambrequins vaidosos a correrem pedindo-me ajuda “POR FAVOR, POR DE TRAS DOS TEUS OCULOS MILPES BATE UM CORAÇÃO ME SALVE DO TEMPO E DO ESQUECIMENTO” e eu conversando com as velhas casas, vi que era a solidão batendo em minha porta, solidão, SÓ-LHE-DÃO isso nada mais, sou capaz de relatar que os meus olhos de um MIRIM gurique eu sou de tudo no alto dos meus vinte anos, vim-te buscar a morte dir-me-á isso um dia mas tão logo a minha viagem terá chego ao fim, maldito fim, EU PREFIRO ISSO AQUI, agora é preciso coragem, olho meu rosto em um espelho de bolso viro e durmo...,...,...PASSA-SE O TEMPO,..., ...,...(.) (...)"

(Elian Woidello)

1-Kyrie: é uma musica do compositor parananese Arrigo Barnabé do disco "Missa in Memorian Itamar Assumpção"

O livro cotidiano(em um verso alogico) será lançado em 2010 trata-se de uma prosa intimista e experimental

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Tatára a tara de ser sonhador



João Tatára, o poeta em forma de guri ainda

acredita na cultura popular curitibana

Pegue um poeta inspirado e obtenha um violeiro tipo exportação, sem muita receita o curitibano João Tatára é uma lenda viva na formação do que se chama “música popular curitibana” (abram alas, über alles).
Era fim de tarde no domingo e chegava a casa de Tatára, no bairro do Água Verde, já recebido com uma taça de vinho e alguns queijos, talvez mineiros, que sua esposa Cleuza servira com tanto esmero.
“Sim nasci em 1946, faz tempo em, mas graças a deus que posso falar isso, Leminski já não pode”, disse Tatára jocosamente quando começamos o nosso papo.
Tatára foi o primeiro vencedor do festival de Curitiba em 1971, após isso iniciou uma parceria com o guitarrista carlopoense Cabelo em que 1978 lançaram o LP “Águas do Futuro”, após isso voltou ao Paraná onde e abriu o “Bardo Tatára”.
“Curitiba é uma cidade careta” o indaguei dessa forma, e ele disse que a “caretisse” está na forma com que a cultura foi sempre aplicada na cidade “o artista curitibano precisa morrer para virar pedreira”. Comentou sobre sua infância, e do êxodo rural que ocasionou uma explosão populacional na década de 1980, mas afirma que a cidade foi “invadida” e tudo continuou na mesma, “com gente que veste estola para ir ao teatro Guairá ver um show de reggae”.
Após trinta anos do seu primeiro Lp, Tatára lança seu segundo trabalho “Jogo de Espelhos”, em cujo cunho poético é mais ressalvado, o disco se trata de um show musico - teatral que ocorreu no teatro Paiol em 1979. “Eu estava em um motel daí saiu a idéia do show”, os arquivos gravados foram esquecidos em uma gaveta e recuperados.
O cd foi lançado em seu bar, onde também ocorre o encontro de compositores e poetas às segundas-feiras, a idéia desencadeará em um programa de televisão, mesmo com Tatára tendo vários problemas políticos. “Não precisamos depender do governo, vamos fazer a coisa acontecer do nosso jeito”, complementa.
E sonhando Tatára vê a noite se acabar na cidade sorriso que dia após dia perde a identidade e esquece a canção.




(Elian Woidello)